domingo, 18 de setembro de 2011

METODOLOGIA DO ENSINO DE GEOGRAFIA. O que há por traz de uma panela?

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO- UEMA
CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DE CAXIAS- CESC
DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA E GEOGRAFIA- DHG
CURSO: LICENCIATURA PLENA EM GEOGRAFIA
DISCIPLINA: PRÁTICA DE ENSINO: METODOLOGIA DO ENSINO DE GEOGRAFIA
PROFESSOR ESP.: EDUARDO DE ALMEIDA CUNHA
 
RESENHA: O que há por traz de uma panela? Uma atividade de campo como trajetória a um olhar geográfico. (Elizabete Helena Coimbra Mateus)
 
                                                       
                                                  JOSÉ EVALDO DA LUZ SILVA
 
CAXIAS-MA
   SET/2011    
O que há por traz de uma panela? Uma atividade de campo como trajetória a um olhar geográfico. (Elizabeth Helena Coimbra Mateus).

O texto propõe abri discussões sobre o papel da atividade de campo como um dos processos na construção do conhecimento geográfico, bem como algumas reflexões sobre a prática no ensino de geografia e mostrar que a atividade de campo é instrumento histórico de análise. O aluno através da observação de fenômenos ou de coleta de dados sobre objetos específicos segue roteiros pré-concebidos, remete a refletir a metodologia como uma ação pedagógica. O objetivo primordial é encaminhar o desafio de olhar o cotidiano “do lugar”, seja ele o bairro a que pertencemos, um local de trabalho, de produção, de ocupação ou vida, e vislumbrar um olhar curioso, instigador, que rompa a inércia da indiferença. Encaminha uma reflexão dialógica, percebam as interações do local interagindo com o global em uma perspectiva em busca de uma compreensão. Possibilita uma mediação entre professor e aluno e que possa levar a uma reflexão e uma modificação dessas representações. Tem como foco o trabalho na rede particular de ensino médio em Porto Alegre. E mostra as diferentes estratégias utilizadas ao longo de um ano letivo, priorizando o papel pedagógico da atividade de campo.
Ao longo do ano desenvolvem-se diferentes propostas de trabalho que visam estimular os alunos a interpretar, a simbolizar, a relacionar e a debater no grupo uma problemática. Uma das atividades, por exemplo, é solicitar-lhes que assistam as principais notícias e propagandas na televisão, em um dia estipulado, e que as listem. Depois, reunidos em grupos relacionam os fatos que julgarem relevantes com o objetivo e de contextualizar os fatos dentro de uma dinâmica mundial e seus reflexos no nosso cotidiano.
Outra atividade interessante foi montar uma reduzida árvore genealógica em que se priorizou traçar o histórico das origens dos familiares ( até a terceira geração) e o número de filhos que cada uma dessas gerações teve. A parti daí, conjugar informações para chegar uma radiografia do grupo e fazer um paralelo com formação cultural e populacional do Rio Grande do Sul e do Brasil.
Foi proposto com o objetivo de aproximar vários conceitos estudados e debatidos em sala de aula ao longo de diferentes atividades o seguinte questionamento: O há por trás de uma panela? – O objetivo era buscar, por meios de palestras, de entrevistas de visitação às áreas de produção. Ao pensar a atividade de campo, foi lançada primeiramente a reflexão sobre o bairro onde se mora e se estuda, para tentar instigar nos alunos um olhar observador sobre o cotidiano.
A cidade centraliza algumas questões que servem como motivadoras. Na cidade possui uma fábrica de panelas, economicamente fundamental à economia, com aproximadamente 20 mil habitantes, uma pequena cidade do interior, que possui uma forte presença da cultura italiana. Dessa forma, ela oportunizou o contraponto entre as informações sobre a realidade de uma cidade de Carlos Barbosa-RS, com possibilidade de vivenciar, de olhar e de conversar com os próprios atores. A atividade estimula os alunos a buscar novos significados, a observar o que está contido em uma paisagem, até então indiferente a eles. Essa leitura passa pela descrição, pelo estabelecimento de relações, buscando um novo significado para seus conceitos. Dentro do contexto na fabricação de panelas, é relevante uma reflexão sobre sua utilização, no manejo, matéria prima, no ambiente de trabalho, que a previsão de automatizar uma das áreas teria como reflexo o desemprego dos funcionários. A fabricação de panelas fazia parte da realidade e da sobrevivência de um operário migrante e que detinha uma representatividade das mais expressivas, hoje se estendendo em importantes economias mundiais.
Além da visitação à fábrica, possuíam outros objetivos, como: Visita à uma cooperativa, onde foi possível conhecer e vivenciar o processo produtivo de elaboração de diferentes beneficiamentos do leite.Os alunos visitaram também uma agroindústria familiar e que após seguiram para o centro da cidade com o objetivo de traçar uma radiografia da vida e dos moradores.
Ao retornarem às atividades escolares foram feitos, em duplas, relatórios em que buscam, por meio da escrita e do uso de imagens, fotografias, desenhos, colagens... e expressar o que foi mais apresentativo.O conhecimento como apropriação, através da atividade de campo esteve presente de uma forma inquestionável, abre um espaço de discussão e de reflexão. Assim sendo, acredito que uma proposta de atividade de campo tenha como necessidade fundamental definir a relação entre o sujeito, pesquisador e pesquisado, e seu objeto de análise, o campo.
Que a vivência como processo é importante ao sair do espaço escolar, mais formal, com papéis definidos e cadeiras ordenadas, para um local que permita desfrutar emoções, compartilhar, cantar, rir, e quem sabe proporcionar um novo olhar ao que já está dado. É um olhar diferenciado e que abre possibilidades de novas interações em que o aluno tem a capacidade de refletir e de questionar as suas verdades.
Percebendo o lugar, e contextualizando a paisagem, a descoberta do que nos envolve no nosso cotidiano, sem dúvida passa por um exercício de olhar a nossa volta e perceber o entorno que nos conduz a refletir sobre ele.
O papel da atividade de campo passa a ser inquestionável justificar sua importância como instrumento pedagógico, nas diferentes áreas do conhecimento, inclusive na geografia. A atividade de campo deve ser abordada como possibilidade de construção, de busca, sob o reflexo de interações dialógicas. Repensar, reinventar, conviver com possibilidades, explorar, apaixonar-se pelo que conhece.